Uma música que representa bem o estado emosciente é a canção composta por Flaira Ferro. Na música, ela está em uma busca profunda por autoconhecimento, reconhecendo suas sombras e tendo a coragem de fazer uma faxina em si mesma. Ela busca encontrar em seu umbigo o seu próprio inimigo, ou seja, nela mesma, tirando do outro a responsabilidade por suas dores.
Não deixa o corpo de lado, pelo contrário, diz que deve estar atenta a ele. Afinal, só temos um corpo e ele não está separado de nossas emoções, muito pelo contrário, estão intrinsecamente conectados.
Flaira diz que somos armadilhas de nós mesmos. Na canção, ela nos convida a refletir sobre nossas hipocrisias, quando temos sempre um discurso de amor mas ao mesmo tempo somos capazes de julgar e apontar o erro alheio.
Reconhece que não pode mudar o outro, mas pode se curar de si, uma libertação da escravidão que nos prende ao estado de controle que acreditamos inutilmente possuir, ao ponto de acharmos que podemos mudar o outro antes de sermos capazes de mudar a nós mesmos.
Fala do imprescindível esvaziamento tão necessário de ser feito para poder suas “feras encarar”. Não é possível ser emosciente se não fizermos o exercício diário do esvaziamento, do tirar as cascas que encobrem nossas mazelas e, ter a coragem de encarar de frente nossas feras, nossas sombras, pós só quando olhamos, reconhecemos e assumimos as sombras que temos, somos capazes de construir a cura para nossas emoções não saudáveis.
Ela completa dizendo,
E dói, dói, dói me expor assim
Dói, dói, dói despir-se assim
Sim, o autoconhecimento dói, porque nos faz tirar a venda dos nossos olhos primeiro e enxergar o grão de areia que somos, antes de querer tirar o cisco do olho do outro.
Para finalizar, ela nos remete a necessidade constante de buscar a cura em nós, afinal, o processo de autoconhecimento é eterno porque somos seres em fluxo, em movimento, caminhando pela vida e sujeitos às intempéries que nos mostram onde ainda precisamos nos tornar cientes das nossas emoções e, só ao nos tornarmos cientes delas, poder curá-las transformando-as em emoções de aprendizado e potência.
Então, se torne emosciente e busque seu bem-estar a partir do profundo mergulho em si mesmo, afinal, você é a única pessoa que pode fazer este mergulho.
Mariza Hawa Soares, mãe, terapeuta cabalista e pesquisadora das emoções humanas.